quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aprender Física pode ser divertido

Eletrostática,eletromagnetismo,termodinâmica...Se você é um daqueles para quem a Física sempre foi um bicho de sete cabeças, calma! O seu relacionamento com a disciplina pode mudar. Há maneiras de aprender esses assuntos e suas aplicações de uma forma muito mais acessível e até divertida. Apresentar formas inovadoras de abordagem dos conteúdos para o ensino e aprendizado nos níveis fundamental e médio é o objetivo de quatro projetos de extensão da Faculdade de Física da Universidade Federal do Pará. O Laboratório de Demonstrações, o Museu Interativo, o Núcleo de Astronomia e o Física e Tecnologia para Escola estimulam, entre os estudantes, uma visão científica de mundo.
A meta é mostrar que os fenômenos da Física estão presentes na maioria das situações cotidianas, de modo que as crianças percebam que a Ciência não existe para confundi-las com conhecimento de alta complexidade, mas para fazê-las compreender melhor o seu próprio dia a dia. A consciência de mundo sob o paradigma da Ciência implica, por exemplo, o entendimento sobre a termodinâmica que envolve o funcionamento de um ar condicionado, a química óptica que permite a iluminação de um ambiente, a física quântica aplicada, que gera produtos, hoje, indispensáveis para a sociedade, como um pen drive etc. É a Física que rege a maioria dos fenômenos naturais e que facilita a vida moderna.
“Hoje, fala-se, mundialmente, no termo "analfabetismo científico". Muitas pessoas usam celular, computador, TV e outras tecnologias sem compreender os processos e os fenômenos físicos que atos rotineiros como esses podem abranger. Quando levamos às crianças uma oportunidade de conhecimento, estamos levando, também, uma oportunidade de melhoria de vida não somente com uma opção profissional, mas também com a criação dessa consciência científica", observa o professor Marco Antônio Machado, coordenador do Projeto Física e Tecnologia para a Escola. Como projeto de extensão, o Física e Tecnologia ultrapassa os muros da Universidade e leva o conhecimento para quem mais precisa dele: os estudantes.
De acordo com o professor Marco Antônio, boa parte do conhecimento que hoje é veiculado nas escolas não se refere às informações mais atualizadas sobre a Física. Trata-se de um conhecimento tradicional, dos séculos XVII, XVIII e XIX, época de Newton, Einstein, Galileu..., autores de teorias de extrema importância para a Ciência, mas que, dependendo da abordagem, podem ser ininteligíveis para adolescentes na faixa etária de 14 a 17 anos. O projeto Física e Tecnologia para Escola pretende, justamente, levar as informações mais recentes sobre as descobertas na área e os novos produtos lançados no mercado por meio de palestras, mesas-redondas e experimentos.Desde 2004, as palestras do projeto já atingiram um público de 5.840 alunos. "Temos inserção em escolas particulares, mas priorizamos o atendimento às escolas públicas, onde os maiores desafios são a carência de informações e a situação de vulnerabilidade das crianças e jovens”, conta Marco Antônio. Nesse sentido, o projeto acaba funcionando como uma ferramenta de resgate social ao mostrar aos estudantes que a Ciência é uma alternativa de carreira promissora. “A Educação pode transformar o mundo", complementa o professor.

Laboratório é espaço de ensino e aprendizagem
Quem nunca viveu um momento de curiosidade ao observar um imenso navio singrando os mares? Se uma pequena pedra colocada na água submerge imediatamente, por que os navios não afundam? E os submarinos? Eles podem afundar como uma pedra e flutuar como um navio. Esse é um dos mistérios do mundo da Física que envolve os conceitos de massa, densidade e pressão.
Os submarinos, para poderem emergir e submergir, têm toda a sua estrutura formada por tanques especiais que são inundados com a água do mar para fazê-los flutuar ou afundar quando necessário. É usado um sistema de ar comprimido para encher e esvaziar os tanques variando a massa total do submarino e, como consequência, sua densidade.
No Laboratório de Demonstrações da Faculdade de Física da UFPA, alunos da graduação explicam esse processo a estudantes do ensino médio e fundamental utilizando uma garrafa PET, uma tampa de caneta, massa de modelar e água. O experimento reproduz um minissubmarino, representado pela tampa de caneta associada à massa de modelar, que flutua no líquido da garrafa PET, conforme pressão realizada no recipiente.
O demonstrativo revela que, quando se coloca um corpo totalmente mergulhado na água (ou em outro líquido), duas forças atuam sobre ele: uma é o seu próprio peso e a outra é o empuxo, uma força vertical, dirigida para cima, que qualquer líquido exerce sobre um corpo nele mergulhado.
O Laboratório de Demonstrações (Labdemon) é um projeto de extensão criado em 2004. Trata-se de um espaço preparado para receber estudantes da rede de escolas públicas por meio de experimentos ilustrativos ligados a diversas áreas da Física e de ciências afins.
Atualmente, sob a coordenação do professor Sérgio Vizeu, o Laboratório é o primeiro passo para a implementação de um Centro Interativo de Ciências em Belém. A ideia é despertar os estudantes para uma forma mais divertida de aprender a Física e relacionar os seus conceitos com os fenômenos da natureza. Para o aluno do 4º semestre da Faculdade de Física, Rafael Ferreira Moreno, o projeto apresenta e socializa o conhecimento, além de ser um espaço enriquecedor para a aprendizagem dos graduandos, "participar do Labdemon é um desafio que estimula a minha criatividade e a minha didática facilitando o contato com o meu futuro profissional”, observa. A iniciativa também recebe a aprovação dos visitantes. "Com os experimentos, pomos a teoria em prática e isso faz com que se aprenda melhor", afirma Natália Conceição da Silva, aluna do Instituto de Educação Estadual do Pará (IEEP).
Lugar para curiosos e grandes invenções
E que tal aprender as leis da eletrodinâmica com uma cópia fiel da primeira lâmpada incandescente do mundo? A réplica do experimento de Thomas Edison é uma das atrações do Museu Interativo da Física (MINF), mantido pela UFPA. "Um recurso social muito importante e eficaz para a popularização, a divulgação e aprendizagem não formal de ciência e tecnologia", como define o coordenador do projeto, o professor Marcelo Lima.
Além da Lâmpada de Edison, o Museu traz um protótipo do Telégrafo, da Bobina de Tesla, da Pilha de Volta, da Garrafa de Leyden e de outras representações das grandes invenções e descobertas que revolucionaram a história da Ciência no Brasil e no mundo.
Por ser mais recente , o MINF está em fase de ampliação do acervo. Atualmente, os experimentos estão em exposição no prédio do Laboratório de Ensino da Física e podem ser vistos em visitas monitoradas que estimulam os estudantes a explorarem as potencialidades dos dispositivos, atentando para os conceitos físicos envolvidos e para a contextualização histórica de seu surgimento. Ou seja, a Física não requer somente decorar fórmulas.

Programação permanente
Em se tratando de Ciência, não se pode deixar de olhar para o céu. Desvendar os mistérios do Universo é o objetivo do Núcleo de Astronomia da Faculdade de Física (Nastro), que promove atividades, como seminários, minicursos e experimentos, envolvendo estudantes da graduação da UFPA, visitantes de escolas públicas e a comunidade em geral.
E 2009 é o Ano Internacional da Astronomia, em comemoração aos quatro séculos que se passaram desde as primeiras observações telescópicas do céu feitas por Galileu Galilei. No Brasil, essa comemoração se estende aos 90 anos das observações astronômicas realizadas, em Sobral (CE), por cientistas de vários países os quais confirmaram a validade da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, a qual prevê a existência dos buracos negros.
O Nastro, coordenado pelo professor Jorge Castiñeiras, tem programação aberta ao público, semanalmente, todas as quartas-feiras, a partir das 18h20, no Bloco Qb, sala 04 - Campus Básico da UFPA. Após o momento em classe, os participantes vão a campo observar as estrelas com o uso de telescópios. Aos sábados, o Nastro prepara estudantes do ensino público para participarem das Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astronáutica.
Serviço: Instituições interessadas nos projetos devem entrar em contato pelo número 3201-7889.

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